quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Temporal

Temporalidade, provisório, interino. "Temporal porque está sujeito ao sujeito chamado Tempo, que é mais que momento" (Sobre o tempo - Crombie). Penso hoje sobre temporal, no sentido de temporalidade das coisas, das pessoas, das relações, do cansaço, das lutas, dos estudos, do silêncio, da gritaria, das risadas, do choro, da dor... da vida. Somos tão temporais. Tão pequenos diante da grandeza do tempo. Achamos, muitas vezes, por ingenuidade, que o tempo irá estacionar. Por vezes queremos que ele corra, que passe rápido para que consigamos conquistar algo tão sonhado, tão desejado. Por vezes queremos que ele rasteje, quando estamos ao lado de quem amamos. Queremos que cada minuto dure um dia e cada hora dure semanas. É assim que nos sentimos com relação ao tempo e a sua temporalidade. Queremos dominá~lo, mas ele eh incapaz de ser domado. Penso hoje também no temporal, no sentido de mudança brusca do clima, na mudança drástica do bom tempo para uma exagerada quantidade de chuvas. Não tenho medo de trovões e relâmpagos. Acho magnífico o som do trovão. Imagino Deus abrindo os céus, partindo ele ao meio. Não vejo como uma manifestação física, vejo como uma manifestação da grandeza de meu Pai. Hoje trovejou pra danado, e como falei, não tenho medo, mas de repente me deu aquele friozinho na espinha e me encolhi um pouco na minha cadeira de estudos. O temporal vem, de uma hora pra outra, mas vem. Às vezes arranca de você aquela coragem que você jurava que tinha. Sua autoconfiança é abalada. É chuva que não se acaba mais. É choro. É dor. É saudade dos dias de sol e brisa suave no rosto. O temporal vem e estremece a casa...as portas balançam. A voz do trovão reverbera dentro da alma. Levanto da cadeira confortável e vou encará~lo. Sou atrevida, não nego. Observo toda essa mudança em silêncio, tentando assimilar o que houve pra que me desse medo. Tentando digerir, passo a passo, a bagunça que ficou ao redor da minha casa. Tentando digerir, passo a passo, a bagunça que ficou aqui dentro de mim. Encarei, com toda a minha vontade de vencer o medo, e venci... e vi que aquela voz que ecoou nos corredores era a mesma voz que fala comigo todos os dias ordenando que eu levante e vença todo e qualquer tipo de temporal. Vi que tudo há de passar, porque é temporal... quase tudo é temporal. Ainda bem que Deus é o quase, disso tudo. Atemporal é o seu nome. Amor também é o seu nome. Graça e Misericórdia também são Ele. Justiça é o próprio Deus. Conforto, Força e Paz. Sua voz é como um trovão. Seu silêncio fala mais que longas pregações. Sua paz me embebeda. Seu amor me constrange e me faz viver nessa temporalidade com os olhos fixos Nele, Sua música celestial me encoraja a dançar na chuva novamente. Sua eternidade me faz descansar e deixar o tempo, da maneira dele, passar. E que haja temporal. E que seja temporal. 

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto.
    Me remete ao meu passado de dor.
    O que se tem de fazer depois de um temporal talvez seja juntar o que restou e jogar fora o que não serve mais.
    Pelo menos uma verdade eu sei em comum entre o temporal e o temporal: Ambos passarão.

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  3. Deus nos faz Dançar no temporal: ter o vigor e a alegria para viver superando as circunstâncias E não perder a ingenuidade de curtir o momento presente.

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