Sim, é verdade.

Por vezes psicodélica
Tão real e irreal ao mesmo tempo
Cheia de facetas perturbadoras, libertadoras
Verdade
Sempre
Por favor
Por mais que seja ácida e corroa o peito
A verdade, por favor
Inimiga mortal do engano
Oponente declarada da farsa
Ela chega e desmascara
Cedo ou tarde
As peças escondidas vêm à tona
Fechando o quebra-cabeças
Estampando a verdade
Caindo por terra toda mentirosa trama
Ah, a verdade
Acho incrível quem tem a audácia de se esconder
Mas admiro quem tem ela, a verdade, como seu viver
Um brinde à verdade e seus amigos.

Ao ignóbil

Rasteira de capoeira
Tombo
Corpo inteiro desmaiado no chão
Boca suja de terra
O parceiro, ignóbil, sorri
De pé
Dá as costas e se vai
Se esvai como um sopro
E leva consigo a máscara da fidelidade
Mas deixa o rastro de seu veneno
Aquele mais raro
Aquele em que não há antídoto
Aquele tão letal quanto o seu leviano sorriso
Nunca o conheci
Nunca me apresentaram essa faceta maléfica
Nunca me disseram quão ferinas seriam suas promessas
Me joguei, impetuosamente me entreguei
Morri
A rasteira ainda dói, ignóbil jovem
Mas me levanto, como sempre, como Fênix
Limpando as mãos, lavando o rosto
Olhando pra vida
Começando a sonhar de novo
Vivendo
Límpida
Íntegra
Honesta
Não mais ingênua
Ainda mais segura do que quer
Ao ignóbil, não desejo, nem de longe, a gota de um oceano
Do mal que ele me fez
Ao ignóbil, apenas vida, longa vida
Pra que em suas tentativas, talvez, aprenda a amar de verdade ao menos uma vez.

Vômito da alma

Entupida
Sufocada
Amarrada
Suor frio escorre na cara
Ofegante
Olhar fito
Dias entediantes
Corrosão
Por entre artérias e veias
Queima ácido
Dor no coração
Autoflagelação
Ansiedade dá ânsia
Saliva que não desce
Vida que se cansa
Piso limpo
Vaso branco
Tampa escancarada
Sem cerimônia alguma
Joelhos se dobram
Vômito da alma
Choro e vômito se misturam
Apáticos
Amarelados
Olho para os lados e tudo vira nada
Descarga leva a emulsificação da dor necrosada
Alívio?
Nada disso!
Cada dia uma nova jornada.

A sétima letra.

Aprendi e creio na relação
Que há entre o nº "7" e a perfeição
Muito embora, questiona-se sem demora
Quanto ao que é perfeito.

Perfeição não é necessariamente
Algo milimetricamente bem feito.

Perfeito é poder ter a luz do dia!
Perfeição é o som,
A letra encaixada no tom,
Metamorfoseada em melodia.

Perfeito é ter quem amar!
Compartilhar a dor e a alegria
Perfeição é harmonia.

Perfeição não é uma ciência exata,
É muito mais; perfeito é o que satisfaz!

7 são os dias da semana,
E nenhum deles são iguais
Talvez a segunda seja uma moça, o sábado um rapaz, não sei
Sei que são 7 dias e isso satisfaz.

Latifundiariamente negligenciada a lei natural:
"6 anos de muita luta,
no sétimo deve haver paz!"
Para o homem, perda de tempo;
Para a Terra, o que satisfaz.

Não é difícil perceber a relação do 7 com a perfeição
O 7 tem personalidade, exige admiração
O 7 é amigo da integridade, simplicidade e beleza.

Tudo que se relaciona com o 7
Não se contenta em TER
Pra ter relação com o 7
O sujeito tem que SER

Em nada me admira
Que a sétima letra seja... G!


Por: Paramount

Confessionário

Domando o indomável
Engolindo seco o choro desesperado
A angústia invade a alma em estado de putrefação
Lágrimas pegam carona com a água do chuveiro
Banheiro, um confessionário
Chuveiro, pulo do penhasco
Grito que não cala
Tristeza que não cessa
Medo, muito medo
Coração assassinado
Acreditar em quê?
Os braços que afagaram também me apunhalaram
Quem há de ser honesto?
Não há nada mais plácida do que uma linda alma
Não há nada mais sinistro do que um belo
e enganoso sorriso.