domingo, 29 de novembro de 2015

Untitled

Peito atravancado
Hoje é dor
Gota a gota surge a poça
Ele insiste em pulsar
Sem firmeza
Pálido
A chorar
Um tanto desesperançoso
Me digam, por favor, a quem clamar!?
O peso de uma realidade indigesta
Sonhos que gritam, tentando não morrer
Choro o choro
Ele escorre
Gota a gota molha o rosto, a roupa
Traduzindo de forma salgada e líquida a dor que perfura cada parte do corpo
Mãos de preocupação seguram a cabeça
Maquinam uma solução
Tudo em vão
Que bom seria viver da essência, da alma
Viver em outro mundo
De amor e gargalhadas
Utopia ou falta de sorte, essa jornada?






domingo, 30 de agosto de 2015

Iceberg



Fácil é detectar a ponta do iceberg. Fácil é olhar para algo e dalí tirar suas próprias conclusões. Mas quem seria capaz de mergulhar nas profundezas glaciais de um coração? Quem seria capaz, de num oceano, praticamente congelado de água salgada, desbravar os noventa por cento de um gelo de água doce? Um mar salgado, um gelo doce. Um coração petrificado, uma alma com cheiro de flores. Quem se atreve a aventurar-se? Quem se atreve a congelar antes mesmo de desbravar? Há um risco. Há um mistério. Há, sim, um grande desafio. Mas quem não gosta de desafios? Quem não gosta de testar limites? Surpresas acontecem e mistérios se desvendam nas profundezas geladas de um coração. Alguns olham de longe e se assustam, outros esbarram e se partem... afundam. Mas há os que se atrevem, se arriscam, há os que teimam em insistir. Esses vão pelo instinto e conquistam. E levam para si o gelo doce, que refresca, que sacia, mas que também aquece ao passar dos dias. Esses levam para si a beleza da descoberta, a magia de um coração doce, porém gelado. Esses domam aquela imensidão de gelo (às vezes majestoso, às vezes monstruoso) com a mais pura demonstração de persistência, resistência e determinação. A esses, o doce amor de um gelado coração.





segunda-feira, 23 de março de 2015

Outflow

Sim, eu deveria estar estudando neste momento. Não consigo. Juro que não. Não é procrastinação, te garanto. Mas esses dias aí tenho saído um pouco do ritmo de vida, de foco, de visão. Por um lapso de tempo, olhando meio que assim de lado, me perdi de mim, tropecei em mim mesma, me embaralhei toda e errei o passo da dança. É, por um mísero lapso de tempo... por um insight. E eu precisei estar aqui agora, porque procurei outros meios pra esvair essa onda de ressaca dentro da minha alma, mas não encontrei. Uma tequila hoje não serviria, um bom amigo, talvez. Livros? Tentei. Deus? Óbvio que falei... pouco, mas falei. Ele sabe de tudo, mas não me explicou muita coisa (como muitas vezes) e eu sei que vou continuar assim: reflexiva, tentando chegar ao ponto 'x' para dizer "Eureca!". Mas o que falta? Afinal, o que diabos me falta? Uma louca paixão, um emprego estável, um carro quitado, uma conta bancária com obesidade mórbida? Na verdade eu não tenho do que reclamar, por mais que isso tudo (diga-se de passagem, coisas efêmeras e vãs) me faça (m) falta alguns dias. Por que eu sonho, tenho planos, metas... sou pragmática. Tento levar a vida numa boa, lutando, sem muita ansiedade pelo dia de amanhã. É uma tarefa quase que impossível. Sou controladora, perfeccionista e gosto de tudo ao alcance dos meus olhos. É, eu sou assim. Minhas palavras têm peso sobre mim mesma, porque eu, de fato, exijo demais de mim. Chega a ser quase que um treinamento militar o que faço comigo (treinamentos militares mexem muito mais com o seu psicológico do que com o seu físico). Sei que vou pirar, se continuar assim. Talvez eu esteja cansada disto. Cansada das cobranças que começam dentro de mim e se alastram pelas bocas alheias amigas. É isso que me faz perder o ritmo dessa dança chamada "vida". De vez enquando desaprendo os passos da dança que tanta vezes traz leveza pra dentro dessa minha alma cansada e sedenta de sossego. Eu gosto de pensar, pesar, ponderar... e até certo ponto me permito ficar assim, meio que nessa pista de acostamento, meio que naquela entrada rápida dos carros da Fórmula 1, pra dar aquela levantada de moral no carro e voltar pra corrida abastecido, com pneus novos e com todo gás. Eu meio que preciso dar um tempo na dança, de vez enquando, pra tomar aquele gole de Coca-Cola e voltar à pista pra mostrar os meus melhores passos. O que na verdade eu mais sei é que a saída da pista (de dança ou de corrida) é temporária, pode até ser que dure segundos ou dias, mas mas não é para sempre. Eu voltarei mais revigorada do que quando decidi começar a pôr o pé na pista. Eu sempre volto, e volto mais forte e decidida; mas eu sempre preciso de um desabafo como este pra me desintoxicar de mim mesma e do meu mal. Eu preciso da crise para crescer, preciso me perder (de mim) pra me encontrar novamente e fazer dessa pessoa que todos veem, alguém melhor e bem resolvido com suas questões. Talvez eu nunca diga um "Eureca!" para as minhas 'equações', mas quero aprender a conviver e tirar pra minha vida o melhor delas, o que elas têm de melhor e mais substancial a me oferecer. Não quero ser apenas forte, quero ter uma perspectiva madura sobre tudo que eu colocar os meus olhos. Quero ser, sim, alguém capaz de contornar e fazer de cada dia (bom ou mau) um novo dia (cheio de vida, alegria e esperança).
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