domingo, 14 de maio de 2017

Juremeira

Tipicamente paraibana, venerada quase como uma divindade. Forte, frondosa, resistente, de beleza impressionante, que vive mais de 200 anos. Sua fama corre pelo Cariri, Paraíba, nordeste e mundo. Ela é a rainha das bandas de lá. Ela é sinal de vitória, luta e resistência. Ela enfrenta secas e estiagens sem reclamar. Faz de uma gota d'água um milagre. Floresce onde há mínima possibilidade.
Sobressai sem nem perceber. Ela é mainha, e mainha é a Jurema (mainha é juremeira!). Elas não são irmãs, elas são uma só. Porque mainha é a força motriz, mainha é a locomotiva deste lar. Mainha floresce na seca e resiste a longas e dolorosas estiagens. Me pergunto se a força dela vem por conta da terra em que nasceu, ou se é por conta do leite de cabra que ela diz ter tomado quando criança. Deve ter a ver. Mas creio que essa força vem de algo muito maior - o próprio Deus. Mainha é amor, e ama sem muitas palavras. Mainha ama com atitudes e cuidado. Mainha ensina crianças a ler e nos ensina desde crianças a ler a vida. Nos ensinou o que é ter honestidade, caráter, lealdade. Mainha nos ensinou a ter palavra! Mainha nos fez fortes quando em suas piores dores sobreviveu e caminhou. Mainha é caminho de paz e respeito. Mainha é história de luta e superação... é a pura paciência e sabedoria. Mainha é tão mandona, mas isso lhe dá aquele toque especial e nós a amamos por isso. Eu e ela somos bem diferentes, mas há 33 anos tenho aprendido a respeitar e saber conviver com as diferenças de opiniões que temos. Espero ser motivo de alegria pra ela, porque ela é motivo de gratidão pra mim. Minha Jurema forte, a rocha que tanto diz que é (e é mesmo). Seus ensinamentos são lei e estão tatuados em meu coração. Espero ser tão boa o quanto és para nós e para o mundo. Espero que vivas por mais de 200 anos e veja teus netos crescerem e se tornarem grandes e fortes com tu, Juremeira. Te amo, mainha. És a minha maior inspiração e aspiração como mulher. És, de fato, a rainha das bandas de cá!

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Meias medidas


De vida
De papel
De canção
De (c)oração
Pedaços
Percalços
Pedágios
Valas
Buracos
Lama e poeira
Vidros minúsculos
Sem serem vistos a olho nu
Arranham
Penetram
Se infiltram
Inflamam
Supuram
São expulsos
Aliviam
Nova vida
Pele lisa
Novo curso
Sinergia
Alegria
Dores secas
Envelhecidas
Já passadas
Esquecidas
Canção nova
Que abraça
Que toca e é sentida
Solfejada
Comove
Irradia
Limpa
Tranquiliza
Reanima
Ratifica: sim, existe amor sem meias medidas.





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( http://winechef.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Erros-imperdo%C3%A1veis-na-arte-de-beber-vinho.jpg )