terça-feira, 22 de março de 2016

Ao ignóbil

Rasteira de capoeira
Tombo
Corpo inteiro desmaiado no chão
Boca suja de terra
O parceiro, ignóbil, sorri
De pé
Dá as costas e se vai
Se esvai como um sopro
E leva consigo a máscara da fidelidade
Mas deixa o rastro de seu veneno
Aquele mais raro
Aquele em que não há antídoto
Aquele tão letal quanto o seu leviano sorriso
Nunca o conheci
Nunca me apresentaram essa faceta maléfica
Nunca me disseram quão ferinas seriam suas promessas
Me joguei, impetuosamente me entreguei
Morri
A rasteira ainda dói, ignóbil jovem
Mas me levanto, como sempre, como Fênix
Limpando as mãos, lavando o rosto
Olhando pra vida
Começando a sonhar de novo
Vivendo
Límpida
Íntegra
Honesta
Não mais ingênua
Ainda mais segura do que quer
Ao ignóbil, não desejo, nem de longe, a gota de um oceano
Do mal que ele me fez
Ao ignóbil, apenas vida, longa vida
Pra que em suas tentativas, talvez, aprenda a amar de verdade ao menos uma vez.



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